FIDELIDADE CRISTÃ
(Mt 5:48) “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.”
(1Pe 1:15) “pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento,”.
Introdução
Os tempos modernos expõem o homem a diversas circunstancias nas quais o homem é provado em todo o tempo no processo de sua fidelidade à Deus. mas, A Palavra de Deus exorta o homem de forma veemente, afim de que este busque a todo tempo, um viver santo, e em plena fidelidade à Deus.
A fidelidade é um dos aspectos essenciais do caráter cristão, e não é uma tentativa do homem se tornar bom aos olhos das pessoas. Antes, é uma essência que o homem só pode se obter a partir de uma conversão genuína à Cristo, onde o Espírito Santo de Deus passa a se fazer presente na vida deste homem, dando-lhe toda a direção necessária, para todas as áreas de sua vida. Assim, o homem consegue alcançar a sua fidelidade à Deus. É impossível que o homem consiga um exercício de plena fidelidade à Deus sem a intervenção direta do Espírito Santo de Deus.
1 O significado de Fidelidade
1.1 Definição do termo “fidelidade”.
Quando falamos de fidelidade na vida do homem, devemos ter em mente seus significados e aspectos, na relação entre os próprios homens, ou relacionamento destes com Deus, e para tal, o homem necessita compreender o duplo sentido relacional implícito na existência da fidelidade em qualquer que seja a relação.
1.2 Definição etimológica
É uma palavra derivada do latim “fidelitate” e significa:
- a. Qualidade de fiel; lealdade;
- b. Constância, firmeza, nas afeições, nos sentimentos, perseverança;
- c. Observância rigorosa da verdade, exatidão;
- d. Fís. Propriedade duma balança que assume sempre a mesma posição quando solicitada pelas mesmas forças;
- e. Fís. Propriedade dum sistema acústico capaz de reproduzir sons de todas as freqüências presentes num sinal original, respeitando as relações de intensidade.
1.3 Definição bíblica para fidelidade
A fidelidade à luz da Bíblia é o cumprimento de tudo quanto foi estabelecido na aliança firmada entre Deus e a humanidade (Sua criação). Deus estabeleceu parâmetros que norteariam o comportamento humano, no individual ou coletivo. Tais parâmetros devem ser integralmente cumpridos, afim da plena manutenção do pacto firmado.
A violação de um só parâmetro estabelecido por Deus implica em violação do pacto e a consequente quebra da aliança firmada entre Deus e os homens.
(Dt 7:11) “Guarda, pois, os mandamentos, e os estatutos, e os juízos que hoje te mando cumprir.”
(Tg 2:10) “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.”
Assim, podemos entender que alguém é fiel a Deus quando:
a) Atribui maior valor às coisas espirituais que materiais Mt 6:20; 2Co 8:1-9;
b) Maior valor a vocação de Deus, do que aos interesses pessoais, à semelhança de Cristo, esvaziando-se de seus interesses pessoais, a fim de se encher do Espírito Santo Fp 2:6,7;
c) Como alguém pode ser verdadeiramente fiel à Deus sem conhecer Sua Palavra? Pois, é Nela que reside toda a estrutura da aliança que o Senhor Deus firmou com a humanidade.
2 A historicidade da fidelidade requerida aos homens
2.1 A fidelidade dos Anjos
Toda a história de fidelidade devida à Deus começou ainda na eternidade, quando o querubim Lúcifer, que criado por Deus, como um ser cheio de glória e formosura, deveria ser-lhe fiel em tudo. Mas esta condição pessoal o fez rebelar-se contra Deus, sendo seguido por uma multidão de anjos rebeldes.
Lúcifer (que se tornou em Satanás) optou por ser infiel à Deus, como resultado daquilo que ele era e possuía.
2.2 A fidelidade dos primeiros homens (Adão e Eva)
Quando na criação do homem a Sua imagem e semelhança, Deus requereu destes, apenas a obediência plena, para que o homem não comesse do fruto de uma árvore que Deus proibiu. Mas o homem preferiu não obedecer, em prol da satisfação do seu ego e interesses pessoais.
Diferente de Lúcifer o homem optou por ser infiel, não pelo que era, mas, pelo que desejava ser, “igual a Deus.”
(Gn 3:6) “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.”
2.3 A fidelidade de Noé
Numa época em que a espécie humana estava totalmente corrompida e infiel, surgiu um homem com sua família, que optou por ser fiel, justo, e temente a Deus, totalmente antagônico às demais pessoas.. Noé recebeu a devida recompensa por isto, sendo salvo junto com sua família, da exterminação diluviana, do mesmo modo que aqueles que permanecem fiéis serão salvos para a eternidade na presença de Deus.
(Gn 6:8,9,22) “8 Porém Noé achou graça diante do SENHOR.
9 Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus.
“22 Assim fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara.”
2.4 A fidelidade de Abraão
Abraão não se apegou a tudo aquilo quanto possuía em sua terra natal, os valores que ele atribuía aos bens materiais e até mesmo às pessoas de sua família, bem como àquelas com as quais ele mantinha um relacionamento de amizade e ou comercial, nada disso foi mais importante para ele do que obedecer à Deus em seu chamado. Deste modo, ele Abraão alcançou a graça de Deus em sua vida, sendo-lhe fiel, e tornando-se digno de Jesus.
(Mt 10:37) “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim;”
2.5 A fidelidade de Moisés
Moisés, como exemplo de servo fiel, mesmo sentindo-se incapaz para a obra de libertação da escravidão dos hebreus no Egito, obedeceu aos desígnios divinos para sua vida. Pois, entendeu que na realidade tudo que Deus quer do homem é sua fidelidade à Ele, as demais coisas, tudo Ele faz conforme seu magnânimo poder e soberania (Gn 3:10-4:17).
2.6 A fidelidade da nação de Israel
Israel foi organizado com o objetivo de representar Deus diante das demais nações, afim destas se converterem a Deus, através daquilo que ocorreria na história de Israel, que deveria expressar ao mundo a fidelidade à Deus.
O que ocorreu na história hebreia foi o contrário, o povo se contaminou com as práticas pecaminosas das outras nações, serviu a outros deuses, e fez tudo aquilo que Deus severamente lhes ordenara que não fizessem.
Foram infiéis, e a consequência disto foi muito sofrimento, com escravidões, guerras, enfermidades e maldições que recaíram sobre a nação de Israel. E quando se arrependiam de seus males, o grande amor de Deus os reconduzia ao estado de nação tutelada por Deus.
Ainda hoje se observa um diferencial de providencias divina sobre Israel. Isto só ocorre porque Deus é e sempre será fiel em todas as circunstâncias, e a fidelidade de Deus independe da fidelidade humana.
2.7 A fidelidade da igreja cristã
Com a vinda do Messias, o papel antes atinente à Israel com sua infidelidade, agora, fica a encargo da igreja cristã, instituída pelo próprio Senhor Jesus, ao designar primeiramente 12 apóstolos, afim de que através destes o mundo fosse alcançado para a glória de Deus. A grande comissão atribuiu a igreja esta responsabilidade.
(Mt 28:19-20) “19 Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
20 ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.”
Nesta ordem há fatores condicionantes, que habilitam ou não a igreja ao cumprimento da mesma. A fidelidade é um destes fatores, e decorre da uma relação plena com Deus. Pois, toda obra realizada pela igreja só pode ser de fato realizada através da direção do Espírito Santo.
3 A base bíblica para a fidelidade a Deus
3.1 A fidelidade de Deus
A fidelidade de Deus é primeira base bíblica a requerer a fidelidade do homem é a própria fidelidade de Deus. Pois, sendo ele a outra parte da aliança, e fiel em tudo, esta fidelidade por si só já requer que o homem aja de igual modo, afim de não quebrar a aliança firmada.
(Nm 23:19) “Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?”
(2Tm 2:13) “se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.”
3.2 A capacitação espiritual do servo
Homens não convertidos à Cristo são incapazes de resistir às tentações em suas vidas, devido ao distanciamento de Deus que tais homens se encontram. Pois, toda capacitação do homem para resistir ao diabo provém única e exclusivamente da presença do Espírito Santo em sua vida. Onde Deus habita o diabo não pode permanecer.
Deste modo, todas as tentações que ocorrem na vida do servo de Cristo, são substancialmente inferiores aos limites que tais servos possuem de resistir a estas tentações e permanecerem fiéis à Deus.
(1Co 10:13) “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.”
3.3 O preço da cruz
Com a obra da cruz Jesus conquistou o direito de propriedade absoluta sobre todos aqueles que se convertem à Ele. Vale ressaltar que Ele já possuía esse direto por Sua natureza Divina.
Sendo propriedade de Jesus, tudo que concerne a nossa vida deve ser direcionado à Glória de Deus, cumprindo em nos toda Sua Santa vontade. Pois, a nossa fidelidade expressa de forma clara a este mundo de trevas, que somos propriedade do Deus Altíssimo, o que só ocorre quando vivemos a vida que Ele nos propõe em Sua Palavra Santa.
(Jo 13:35) “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.”
4 Consequências da Fidelidade
4.1 Enfrentar as adversidades
Quando o homem se propõe a levar uma vida em plena consonância com a Palavra de Deus, tal homem encontra enormes barreiras que se oporão a este anelo pessoal. Move-se no mundo espiritual o exercito inimigo das nossas almas para tentar impedir que consigamos permanecer em comunhão com Deus. No entanto, há a nossa disposição, militando por nós o exercito angelical fiel à Deus, que nos auxiliam a permanecer no caminho de Deus.
O homem não pode permitir que nenhum obstáculo entre ele e Deus, deve pagar o preço de sua fidelidade até mesmo com a própria vida se preciso for.
Um exemplo clássico desta posição pessoal é o do Bispo Policarpo de Esmirna (atual Turquia), nasceu em 69 d.C. e por sua fé em Cristo, foi preso e martirizado numa fogueira aos 86 anos de idade, e antes da sua morte foi pressionado a abjurar sua fé em cristo e respondeu: “-Faz 86 anos que o sirvo, e nenhum mal me fez. Como hei de blasfemar do meu rei, que me salvou?”.
(Ap 2:8-11) “8 Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver
9 Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.
10 Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
11 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.”
4.2 Tornar o homem íntegro
A integridade é a qualidade de retidão do homem em todas as áreas de sua vida. Não se corrompendo ante às adversidades e proposições pecaminosas que aparecem em sua vida. Um exemplo foi o profeta Daniel, levado cativo a uma terra estranha, em tudo se manteve fiel à Deus, sendo exemplo notório até para a observação dos seus inimigos.
(Dn 6:4) “Então, os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa.”.
Daniel era firme em seus propósitos, principalmente em ser fiel à Deus e não abdicou da fé, mesmo em terras estranhas como escravo, manteve-se íntegro.
4.3 Tornar o homem confiável
Há no mundo uma crise de confiança, porque as pessoas não possuem mais compromisso e isto é um desafio a ser vencido pelos cristãos. O falar e o agir do homem devem ser sempre verdadeiros, nada havendo que o condene.
(1Jo 2:4) “Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.”
5 Adversidades à fidelidade
5.1 Tecnologia e imediatismo: Todas as tecnologias dos tempos modernos, sob a direção do Espírito Santo, podem ser muito úteis à obra do reino de Cristo. Mas, o mau uso dela influencia o homem ao imediatismo em seus intentos, e este imediatismo impele o homem a desconsiderar a soberania de Deus, que em tudo age conforme Sua vontade e ao Seu tempo.
5.2 Materialismo: O homem vive atribuindo primazia às coisas materiais, fato que o faz perder o foco de sua fidelidade à Deus que implica em amar a Deus sobre todas as coisas e também ao próximo como a si mesmo. Assim, sem o foco espiritual o homem se prende à conquista de posses materiais que o satisfarão em seu ego. Ou seja, o centro de sua vida que deveria ser um lugar exclusivo de Deus, pertence ao próprio homem, que destituído da presença do Espírito Santo, se torna enfim trono de Satanás, para a prática de toda a sorte de imundície de pecados.
5.3 Globalização e desvalorização espiritual: Com o romper das fronteiras culturais, há uma relativização dos valores morais e espirituais, onde nada é de caráter obrigatório e a inserção do pecado na vida do cristão ocorre sutilmente, como se tais práticas fossem perfeitamente naturais. Exemplo clássico disto é a forte influencia da religiosidade oriental sob o ocidente (budismo, induismo, islamismo, etc).
5.4 As novidades: O novo exerce influencia na mente humana, que busca experiências novas e descarta as antigas em prol de novos conceitos e práticas religiosas. Paulo diz aos efésios para se acautelarem contra os “ventos de doutrinas” que surgem de tempos em tempos e induzem o homem ao distanciamento de Deus Ef 4:14.
E também a Timóteo 2Tm 4:3-5 sobre este enorme perigo satânico que cerca o homem. Assim no mundo surge uma aparência de vida cristã totalmente destituída de fundamento bíblico que permeia o ensino cristão apregoado nos púlpitos das igrejas modernas.
Conclusão:
Quando falamos da fidelidade que Deus requer do homem, precisamos entender que Deus não o faz apenas para a satisfação do seu ego pessoal. Antes é um processo educacional para a preparação do homem, afim de que este viva na eternidade na presença excelsa de Deus.
Muitas são as barreiras que o homem encontra para permanecer fiel. Porém em todas elas Deus o capacita a resistir e transpor e nada justifica a infidelidade do homem.
Só há uma possibilidade de o homem entrar no céu, ser plenamente fiel à Deus em todas as áreas de sua vida. E a Palavra de Deus exorta a todos os servos a buscar esta santidade.
(Hb 12:14) “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,”.