ORAÇÃO – O diálogo da alma com Deus
Texto bíblico básico: Mateus 6:5-13
“5 E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.
6 Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos.
8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais.
9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
10 venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;
11 o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
12 e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;
13 e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!”.
(Mateus 6:5-13 RA)
Texto áureo:
“com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”.
(Efésios 6:18 RA)
Introdução:
O que é oração? Como orar corretamente se não sabemos o que é oração?
A resposta para estas duas perguntas nos remete à outras duas indagações.
Como está nossa vida de oração? De que modo temos orado?
Em todo o texto das Escrituras Sagradas, encontramos inúmeros exemplos de servos que viviam continuamente na presença de Deus, orando sem cessar, e por isso mesmo viviam em plena comunhão com o SENHOR, “Davi (2Sm 7:18-27), Salomão (1Rs 8:54), Neemias (Ne 1:6), Daniel (Dn 6:13). O próprio Jesus Cristo também orava continuamente ao Pai, dando exemplo prático de oração. É impossível ao homem viver em plena comunhão com Deus, sem ter uma vida de oração diante do altar do Senhor.
- 1. DEFININDO O QUE É ORAÇÃO.
- A. Definição
Nas Escrituras Sagradas o termo que é traduzido por oração é proseuch “proseuche”. E significa “falar com o ser divino”. Além do termo “orar” e “oração”, a Bíblia define a busca do homem para falar com Deus, usando os termos “invocar”, “clamar”, etc. Sl 3:4; 17:6; Is 55:6;
Assim, podemos entender que oração é o “ato” do homem dialogar com Deus. E diálogo é um processo de comunicação entre os seres, onde ambos expressam alguma mensagem e são ouvidos pelo outro integrante do diálogo, para haver diálogo é necessários ambos parar para ouvir o outro falar.
A oração é o meio pelo qual Deus providenciou ao homem, as condições necessárias para que este se relacione melhor com Ele. Pois Deus fala ao homem por diversos modos (sonhos, profecias, intuição, audível direto, etc.). Mas, só por meio da oração é que o homem consegue se dirigir a Deus.
É através da oração que o homem adora, clama, intercede, suplica e se aproxima de Deus.
- B. Fundamentos da oração
Os fundamentos da prática de oração são:
- Nos ensinos da Bíblia. Que instruem e exortam tenazmente o homem para que este pratique a oração continuamente diante do Senhor Deus, e assim goze das mais preciosas bênçãos advindas do relacionamento com Deus Rm 12:2; Fp 4:6; Cl 4:2; Tg 5:13-15.
- Nas necessidades do homem. O homem precisa continuamente estar buscando a Deus em sua vida. Só através do relacionamento pessoal com Deus é que o homem pode alcançar a paz interior. Pois a relação com Deus é insubstituível e só a relação com Deus traz a justificação que o homem necessita alcançar para ter a salvação eterna em Cristo Rm 5:1.
- Na fé prática do homem em relação a Deus. Só através da verdadeira fé existente na alma do homem, é que este compreende que Deus é cheio de amor, graça e misericórdia para com o homem. Sendo totalmente poderoso e capaz de nos atender em todas as petições.
O Sl 4 escrito por Davi nos mostra a fé prática que Davi tinha em Deus, confiando nos atributos divinos para o alívio de seus sofrimentos pessoais v. 1. Deus nos livra de toda opressão do mundo, nos protege dos inimigos, quer sejam eles humanos ou espirituais, nos perdoa dos pecados, nos justifica para a vida eterna em Sua presença, faz isto, e muito mais, e tudo através das nossas orações.
- 2. OBJETIVOS DA ORAÇÃO.
Podemos apresentar diversos objetivos pelos quais o homem deve orar. Todos em relevada importância para a vida espiritual e física do homem. Vejamos alguns destes motivos:
- Buscar a presença de Deus, com todos os seus atributos Divinos: o homem é totalmente dependente da presença de Deus em sua vida, com toda a multiforme graça divina. O próprio Deus ordena aos homens que assim procedam para receberem Dele suas preciosas bênçãos celestiais e sejam revestidos do seu poder, aprendamos com a parábola do juiz e da viúva perseverante, ensinada por Jesus aos seus discípulos 1Cr 16:11; Sl 27:8; Mt 7:7 Lc 18:1.
- Agradecer a Deus por toda a sua obra em nossa vida: O homem que se limita a se apresentar diante de Deus apenas com petições, jamais alcançara o coração do Pai Celeste. Porque esta atitude evidencia que tal homem na prática não reconhece seus iméritos sobre aquilo que alcançou de Deus.
O Sl 116:12-14 apresenta ao homem a forma como este deve agradecer a Deus, por tudo quanto tem recebido de bênçãos em sua vida “vida de oração contínua na presença do Senhor”.
- Ser intercessor do reino de Deus: na oração do “Pai nosso” Jesus nos ensina a buscarmos aquilo que seja positivo para o desenvolvimento e expansão do reino de Deus neste mundo Mt 6:10.
- Apresentarmos a Deus as nossas necessidades espirituais e também as das outras pessoas: Todo ser humano sente necessidade de falar sobre suas dificuldades e necessidades pessoais, e ninguém melhor do que Deus para nos ouvir em nossos clamores. Mas, não devemos nos ater ao clamor por coisas pessoais, antes, devemos também clamar pelas demais pessoais, orando uns pelos outros Tg 5:16.
- Confessar os pecados: O ser humano é falho e pecaminoso. Mas, Deus em sua graça e misericórdia proporciona ao homem, o perdão pelos pecados praticados, quando este os confessa primeiramente a Deus, por meio da oração, e segundo, aos homens para que fique notório o arrependimento do pecador e sua postura pessoal por uma mudança de atitude em relação ao pecado praticado Tg 5:16. Neste ponto é necessários indagarmos a nós mesmo. “– Temos confessado nossos pecados por meio da oração?”.
- O interesse de Deus em abençoar seus filhos: Deus tem total interesse em abençoar seus filhos em Jesus Cristo, com toda sorte de bênçãos espirituais e físicas. Para isto, Ele exorta e desperta nos homens, o interesse pela oração, e quando o homem responde positivamente aos atos Divinos em sua vida, são agraciados com muito mais do que se possa ser imaginável pela mente humana.
- 3. A PRÁTICA DA ORAÇÃO.
Agora, cônscios do que é a oração e seus objetivos, o homem precisa aprender a pô-la em prática, a exercitar essa celeste oportunidade que nos é concedida por meio de Jesus Cristo, e de uma ação direta do Espírito Santo em nossas vidas, que nos conduz em tudo até a presença do Pai.
Indagamo-nos então sob como praticarmos a oração. Como em tudo na vida cristã, a oração requer do cristão, uma disciplina global no conjunto de suas ações. Pois, tudo na vida do homem, afeta suas emoções e suas relações pessoais com os demais homens, e principalmente sua relação pessoal com Deus.
Apesar de o homem necessitar orar com critérios espirituais, estes critérios não podem se tornar um fardo de obrigatoriedade. A comunicação entre o homem e Deus deve sempre ser algo natural, provinda da alma humana, e não mero desencargo de consciência espiritual. Então, como devemos orar? Vejamos isto:
- Orar cotinuamente: Por este aspecto da oração entendemos que o homem deve criar hábitos de orar em momentos pré-estabelecidos do seu ciclo de tempo diário, e para isto, cada ser humano deve analisar seu tempo e adequá-lo de modo que disponha de tempo para sua principal atividade diária, que é estar na presença de Deus, falando e ouvindo do Senhor aquilo que Ele tem para nós 1Ts 5:17.
- Orar com privacidade: É necessário que o homem encontre um ambiente no qual ele possa falar com Deus sem receber a interferência externa, de terceiros, tal como Jesus orientou em Mt 6:6. Só assim o homem consegue centrar-se em apresentar a Deus tudo aquilo que necessita, e também no reservado do ambiente em que se encontra, ouvir Deus responder àquilo que o homem está falando.
- 4. MOTIVOS DOS FRACASSOS E IMPEDIMENTOS NA ORAÇÃO
Todas as promessas de Deus para a humanidade são plenamente condicionais à ação do homem para com Deus e também para com seus semelhantes. Há diversos obstáculos no mundo à prática da oração pelo servo de Cristo. Vejamos os mais comuns:
- Relacionamentos familiares fora dos princípios de Deus. Muitas famílias vivem desestruturadas espiritualmente. O casal não se entende e não estabelecem àquilo que é prioridade na vida do casal, os cônjuges extrapolam seus papeis na relação conjugal, vilipendiando direitos e responsabilidades inerentes ao outro cônjuge. Os filhos não apresentam submissão bíblica aos pais, desonrando-os e violando o 5º mandamento. E pais que não se empenham em cumprir suas responsabilidades na formação espiritual pessoal dos filhos, deixando-os a cargo do vil e maligno mundo. O resultado disto é uma vida de problemas e sofrimentos, e o pior, neste estado, Deus não responde as orações.
- Falta de prática do perdão: É primordial que aquele que se propõe a orar à Deus, esteja com sua vida em harmonia com os homens, tanto quanto possível seja, perdoando aqueles que de alguma forma o afetou negativamente. Pois, sem perdão por parte do homem, este também não recebe o perdão divino e suas orações são inúteis, Deus não trata com templos imundos que guardam o mal em seu seio Mc 11:25.
- Existência de contendas: Quando o homem age movido por contendas, torna-se prisioneiro de Satanás, e suas orações não são respondidas por Deus. Há necessidade de paz e harmonia na vida do homem para suas orações tornarem-se efetivas Tg 3:16-17.
- Motivações erradas: Quando o homem clama algo que deveria, mas por motivação errada, este homem não recebe aquilo que pediu a Deus. A motivação correta para tudo quanto se pede em oração é única e exclusivamente a Glória de Deus e não para os seus interesses pessoais 1Co 10:31; Tg 4:3.
- Desobediência a Deus: Atitude de rebeldia no coração é o processo de fechamento das portas celestiais para o acesso do homem. Portanto o homem deve procurar em tudo ser pleno em obediência a Deus, afim de que suas orações encontrem o altar do Senhor 1Jo 3:22.
- Ídolos no coração: Ídolos é tudo aquilo que de algum modo tome o lugar de Deus no centro da alma humana. Tornando-se objeto de suprema afeição, tendo a primazia na vida de uma pessoa Ez 14:3.
- Falta de amor: A pronta recusa em ter uma vida com práticas efetivas de amor às pessoas, ajudando-as em suas carências, faz com que sejam impedidas as orações pessoais Pv 21:13.
- Duvidas e falta de fé: A ausência da fé gera a dúvida, e esta é o princípio da ignorância espiritual na mente humana. Esta ignorância conduz o homem a uma atitude que mesmo sabendo da existência de Deus e de sua Palavra (Bíblia), não agem com o intuito de obedecê-la. Na prática tal homem duvida do caráter de Deus em cumprir aquilo que prometeu ao homem Tg 1:5-7.
- Dependência da fé de outra pessoa: Deus deu a medida necessária para todo ser humano ter a fé Nele. Está fé vem ao homem, ao se tornar nova criatura, com a conversão à Cristo, e recebendo uma nova natureza, agora, de ordem espiritual para a eternidade na presença de Deus. Portanto, é de responsabilidade de cada cristão exercitar sua fé, orando incessantemente e fazê-la pelo alimento da Palavra de Deus, da qual provém todo o crescimento espiritual do homem Jo 15:7.
- 5. MOTIVOS DO SUCESSO NA ORAÇÃO
- Amor: A maior base de sucesso na oração é sem sombra de dúvidas o amor. Sem ele nada faria sentido na oração. Pois, sendo Deus o amor em sua essência plena, àqueles que são a sua imagem e semelhança, restaurados pelo sacrifício de Cristo, têm consigo a inabalável responsabilidade de viver toda a dimensão desse amor. Só por amor à Deus é que alguém recorre verdadeiramente à Ele, e por amor a si mesmo e ao próximo é que se recorre à Deus em súplicas Rm 5:5; 1Ts 4:9; Jo 13:34.
- Contrição, sinceridade, fé, justiça e obediência: São características primordiais para que a oração do justo chegue ao trono da graça de Deus, e sejam respondidas por Ele. Não pode haver oração sem um quebrantamento espiritual que se conscientiza do pecado e arrependa dele, sem a busca verdadeira pela face do Senhor, sem a fé que é o reconhecimento da pessoa de Deus com todos os seus atributos pessoais, sem a confissão dos pecados para a justiça de Deus ser aplicada, e sem a obediência plena a tudo quanto é ensinado pela Palavra de Deus 2Cr 7:14; Jr 29:13; Mc 11:24; Tg 5:16; 1Jo 3:22.
CONCLUSÃO.
De tudo o que foi exposto, concluímos que a oração é a chave que abre as portas celestiais para que o homem possa desfrutar da presença de Deus, e fazê-lo ainda neste mundo físico. É por ela que o homem se aproxima de Deus e o adora em toda a beleza de sua santidade, dando graças por tudo quanto o Senhor Deus tem feito em nossas vidas.
Podemos afirmar que os principais objetivos da oração é aproximar o homem de Deus, louvá-lo com ações de graças por sua obra em nós, interceder pelo avanço do reino de Cristo neste mundo, e avançarmos no processo de santificação pessoal, confessando nossos pecados, afim de que os mesmos sejam perdoados pelo Pai Celeste.
O intercessor bem sucedido é naturalmente aquele que anda em busca da santificação pessoal, pondo em prática tudo quanto aprendeu da Palavra de Deus. Esse consegue êxito em suas orações.
Bibliografia:
- _________. Bíblia de Estudos Shedd. São Paulo: Vida Nova, 1997.
- _________. Bíblia de Estudos Thompson. São Paulo: Vida, 1999.
- BONHOEFFER, Dietrich. Resistência e Submissão. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sinodal: 1980. 208 p.
- DAGG, John Leadley. Manual de Teologia. São José dos Campos: Fiel, 1989.
- LLOYD-JONES, Martyn. Estudos no Sermão do Monte. 5ª ed. São José dos Campos: Fiel, 2001. 606 p.
- RIENECKER, Fritz & ROGERS, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida Nova, 1995. 639 p.